NA FROTA URBANA, A RIO MINHO APOSTOU, NO SEU AUGE, NA COMPRA DOS BELOS MONOBLOCOS DA MERCEDES-BENZ. FOTO DE DONALD HUDSON.
Os piores erros na vida não são percebidos no momento em que são cometidos. Todo erro é feito pensando ser um acerto, ou, quando feito no piloto automático dos atos acidentais, ser uma coisa sem importância.
A extinção da Transturismo Rio Minho, um dos efeitos do poder concentrado da fusão de dois grupos empresariais, Mauá e Rio Ita, é anunciada como se fosse um acerto, quando se torna uma grande catástrofe, a ser superada pelo que o grupo da cearense Expresso Guanabara fará por aí, dizimando uma série de empresas icônicas (Útil, Real Expresso, Rápido Federal, Expresso, Brisa, Sampaio) em nome de uma marca que está sendo divulgada através de uma terrível canção da música brega-popularesca.
Vamos viver a era do mata-mata de empresas de ônibus? É certo que já temos grupos empresariais com patrimônio gigante de empresas, mas havendo várias empresas, mesmo sob um mesmo grupo empresarial, tem o mal menor de que cada uma possui uma estrutura administrativa própria, podendo gerir um número limitado de linhas e garantir a qualidade do serviço para os passageiros em níveis minimamente adequados.
Quando um grupo empresarial gigantesco extingue empresas e faz com que uma delas abocanhe um grande número de linhas, o desastre é iminente. No começo, parece que a qualidade do serviço não será afetada, que a administração continuará sendo de alto nível, mas esperemos o tempo passar que a conversa para boi dormir se reduz a pó e as empresas passam a sofrer uma sobrecarga que trará acidentes de ônibus mais frequentes, sucateamento da frota etc.
A Expresso Rio de Janeiro irá inchar como foi o caso da Rio Ita e Fagundes, e isso trará uma diferença negativa, investindo no mesmo vício que quase matou o Grupo Rio Ita. Excesso de linhas trará sobrecarga administrativa, que implicará em queda de serviço e prejuízo para os passageiros.
Os diretores poderão desmentir até quando possível, dizendo que "a qualidade continuará a mesma", que trarão "provas" de suas promessas etc. Mas com o tempo a Expresso Rio de Janeiro ficará "cansada" de operar tantas linhas que desleixará, prolongando o tempo de vida útil das frotas, diminuindo o gabarito dos ônibus (que já são "cabritos", ônibus com motor dianteiro) e, se for permitido, vão rodar até com ônibus com ar condicionado desligado.
Portanto, o que hoje parece um acerto e uma ousadia, amanhã será uma experiência traumática. Com o fim da Rio Minho, não só se jogará no lixo uma história admirável, como uma trajetória de bons serviços e respeito aos passageiros.
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